sexta-feira, 30 de maio de 2014

Em busca de "algo mais".


Acho que esse artigo é o que ficou mais tempo no rascunho do meu blog. Há tempos tenho vontade de escrever sobre esse "algo mais" que nós, motociclistas, buscamos em nossas vidas ao empreender viagens de motocicleta. Na verdade, não precisa ser , necessariamente, de motocicleta. Pode ser de barco (veja Amyr Klink), de bicicleta, apenas mochilando a pé ou usando qualquer outro meio incomum para viajar. De carro ou de avião não vale, pois acho que não existem meios mais chatos.

Mas não é fácil escrever sobre isso, porquê em alguns momentos você faz algumas incursões filosóficas ou mesmo poéticas e corre o risco de ser tachado de piegas. Não importa. Corremos risco o tempo todo, mais ainda para quem é motociclista.

Penso que as pessoas que buscam esse "algo mais" estão se cansando de uma vida cheia de monótonas certezas.  De casa para o trabalho, do trabalho pra casa. O tempo "voando", a vida meio sem sentido e a gente se perguntando: será que a vida é só isso?. Funciona mais ou menos assim: voce liga o "piloto automático" e vai fazendo as coisas meio que sem sentí-las, sem estar ali presente. O corpo está ali, mas a mente está em algum lugar do passado ou do futuro. Ou ainda na "caixinha do nada". Não há prazer, nem alegria em fazer as coisas. Você apenas as executa. Apenas o cumprimento de um dever.

Corpo e alma. Alimento para o corpo, como necessidade básica de sobrevivência, não há o que se falar.

Esse "algo mais" talvez seja uma busca de alimento para a alma. Elevar o nível do nosso foco. Deixar de lado as tolices, motivos fúteis e fatores externos, que roubam nosso tempo, nossa energia e nossa atenção o dia todo. Ou, pelo menos, equilibrar um pouco essa conta e focar mais naquilo que é realmente importante.

Uma busca pelo essencial da vida. E nesse campo, não podemos esquecer dos quatro elementos essenciais que aprendemos lá no passado: água, fogo, terra e ar.
Até bem pouco tempo atrás, não tínhamos muitas coisas que hoje alguns consideram imprescindíveis, como vídeo game, computador, smartphones, internet, enfim todo um mundo virtual criado pela mente brilhante do homem. Mas tínhamos muito mais contato com o mundo real. Eu mesmo joguei bola em campinhos de terra e grama. Os campinhos foram transformados em quadras e as cidades impermeabilizadas pelo concreto. Também brinquei na água da chuva. Sentia o vento andando de bicicleta e ralava os joelhos nas quedas. O contato com aqueles elementos era constante e daí vinha a alegria e o prazer.

É perfeitamente possível conceber um mundo sem aquelas maravilhas da tecnologia citadas acima, mas não posso imaginar um mundo sem a chuva que rega, sem a beleza das ondas do mar que embalam o surfista.
Não posso imaginar um mundo sem o calor do sol que agrada a pele e sua luz que colore a natureza.
Sem o fogo que ilumina e aquece.
Não posso imaginar um mundo sem o vento onde navegam as nuvens, os pássaros, o cheiro do mato e da chuva que chega.
Não posso imaginar um mundo sem a terra que concebe a vida onde as plantas enterram suas raízes.

Corpo se alimenta de pão. Alma não se alimenta de pão. Alma se alimenta de essência, de beleza, da beleza da mãe-natureza. Pão estufa e pesa. Beleza dá leveza e emoção. Tanta emoção que, às vezes, ao contemplar um belo cenário em nossas viagens, faz encher os olhos d´água.
Mas há que se ir devagar, com paciência e passos curtos. Há que se saber esperar, pois a natureza anda devagar. Precisamos aprender com a natureza e também andar devagar, pilotar devagar, sem pressa. Porquê mais importante que o destino, é o caminho percorrido. Numa viagem de moto, por exemplo, cada paisagem, cada imagem merece um olhar preguiçoso, merece ser apreciada e contemplada com calma. Somos parte da natureza e ela não foi ainda atingida pela loucura da nossa pressa. E espero que nunca o seja.

O que escrevo acima justifica também o porquê prefiro viajar para um lugar remoto, com pouca gente, mas de natureza exuberante, com vales, montanhas e rios, ao invés de ir para uma praia famosa ou um ponto turístico famoso, lotado de gente. Muita gente, onde todo mundo fala e ninguém escuta. Onde todo mundo vê, mas ninguém contempla.

Os olhos são a porta pela qual a beleza entra na alma. Mas é preciso ter os olhos educados para "contemplar". Contemplar está definido como "admirar com o pensamento", entre outras coisas, no dicionário Michaelis. Mas não temos uma matéria na escola chamada "educação dos sentidos". A escola está preocupada em transformar as pessoas em máquinas úteis para a sociedade, para produzir algo útil. Após esse processo, as pessoas serão então transformadas em ferramentas úteis, em unidades de produção. Somos educados para ser alguém na vida. Penso que a vida não se justifica por aquilo que produzimos de útil, posto que, nos "flashes" finais de nossa existência, só o que restará serão os momentos de beleza contemplada, de alegria e de amor gravados na alma.

Para usar um chavão amplamente divulgado, mas verdadeiro, a educação é a base de tudo e só ela transforma. Isto posto, a "educação dos sentidos" só vem se você investir parte do seu tempo e de sua energia para aprimorar seus sentidos. E a leitura é um dos caminhos. Pena que as pessoas, de um modo geral, leem pouco. Preferem só ver imagens ou ler textos curtos nas redes sociais. Não tem mais paciência. Querem fazer tudo rápido. Comem rápido, andam rápido, dirigem rápido, falam rápido, só "dão rapidinhas" e etc. Trocaram a profundidade pela superficialidade.

Nos vários relatos de viagem de moto que já li, invariavelmente encontrava a frase: "...depois de uma boa viagem, você nunca mais será o mesmo...". Não veem a vida da mesma forma que antes. 
Um poeta inglês de nome T.S.Eliot (Nobel de Literatura de 1948) escreveu mais ou menos assim:
"E o fim de todas as nossas explorações, será chegar ao lugar de onde partimos, e conhecê-lo então pela primeira vez."
Penso que a constante busca por esse "algo mais" é uma metáfora para uma filosofia de vida, um jeito de viver com sabedoria.

Depois de deixar o meu "piloto automático" ligado durante muito tempo, em 2009 comprei minha primeira motocicleta, uma Yamaha Fazer 250, que me proporcionou muitas alegrias. Em janeiro de 2013, eu a troquei pelo meu sonho de consumo, a Suzuki VStrom 650, minha "Suzi", com a qual pretendo ainda fazer muitas grandes viagens. Desde 2009, sinto que a minha motocicleta é a minha mão que se estende, à procura de amigos. Amigos para compartilhar caminhos, para rir, para sentir alegria e felicidade, pois é para isso que a vida é feita.

domingo, 4 de maio de 2014

Viagem de moto para Serra do Rio do Rastro e Corvo Branco - SC (parte 2 de 2)

Continuação......

5. dia: 26/04/2014 - cidade de Bom Jardim da Serra-SC e Serra do Rio do Rastro cerca de 300 km rodados.

Em Bom Jardim da Serra, que fica a cerca de 15 km do início da Serra do Rio do Rastro, ficamos na Pousada Santa Vitória e, após algum "choro" com o Neto, dono da pousada, fechamos a R$ 110 o quarto com duas camas de solteiro e café da manhã incluído. No vidro da janela, já havia muitos adesivos de moto-clubes de diversos estados, inclusive do exterior. Recomendo a pousada pra quem for àquela região.

Como a quilometragem a ser percorrida hoje era pequena, cerca de 300 km, levantamos mais tarde e tomamos aquele café da manhã. Saímos pra rodovia por volta das 09:30h e quando passamos o posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF), já havia muita neblina no topo da serra.

De novo, não demos sorte com o tempo. As fotos e vídeos que vemos na mídia da Serra do Rio do Rastro são do primeiro mirante, que fica na frente do posto da PRF. Mas não dava nem pra enxergar o mirante. Mesmo assim, paramos por uns 15 minutos numa lojinha de conveniência antes de começar a descida da serra.

(Para melhor visualizar, clique nas fotos abaixo para ampliá-las).




Uma pequena parada pra deixar nosso adesivo na vitrine da lojinha, registrando nossa passagem e conversar com a dona do lugar.









Como o "selfie" (auto-retrato) está na moda, resolvi tirar a nossa. Até que ficou razoável..... rsrsrsrsrs


Motociclista na estrada parece um bobo alegre...acho que a sensação de liberdade faz isso.....



Essa foto foi só pra registrar a placa, que diz: "Atenção, Declive Acentuado, ext. 15 km ", logo no início da descida.









Depois que descemos uns dois ou três "lances" no zig-zag da serra, a neblina diminuiu bastante e pudemos ver a sua imponência e beleza.



O "Santo São Jorge".













Estrada belíssima...












Tenho uma filmagem da descida da serra, que ficou muito bacana.
 Assim que eu conseguir editar o vídeo, adicionando textos e etc, vou postar aqui.





Conforme prometido, segue o link para o vídeo desta pequena viagem:



No topo da serra, estamos a cerca de 1440 m de altitude. Descemos cerca de 1200 m e chegamos a Lauro Muller, cidade que fica ao pé da serra, com 240 m de altitude somente.
Na sequência, paramos para almoçar em São Ludgero-SC e seguimos viagem em direção a Balneário Camburiú, passando por Braço do Norte, Tubarão, Laguna e Florianópolis, pela BR 101, se não me engano.

Em Balneário, visitamos um casal de amigos do Jorjão, Kika e Cláudio. Após um banho, saímos para um lanche na avenida da praia de balneário e depois cama. Dia seguinte, o último, teríamos muito chão pela frente. Mais um dia maravilhoso de estrada graças ao nosso bom Deus, que nos deixou passar.

6. dia: 27/04/2014 - De Balneário Camburiú a Foz do Iguaçu -  930 km rodados.

Após uma razoável noite de sono, levantei por volta das 5 da manhã para começar a arrumar a bagagem. Depois de tudo arrumado, motos abastecidas e café da manhã no posto de gasolina, conseguimos sair por volta das 07:40 h.

Domingo de sol ou sol entre nuvens, mas nenhuma gota de chuva. São Pedro foi bom com a gente dessa vez, porquê ele já havia despejado toda a chuva no primeiro dia de viagem.

Saímos da BR 101 e entramos por Blumenau, passando por Rio do Sul e pelo Vale do Contestado. Bem próximo de Curitibanos, num posto de gasolina, o gerente do posto nos falou que costumava ir uma vez por mês para Foz do Iguaçu, nosso destino, e que se fôssemos por Lebon Regis e Caçador, economizaríamos uns 100 km, se comparado ao trajeto mais embaixo, passando por Joaçaba.

Sentimos firmeza na dica e resolvemos seguir esse caminho. Entramos por dentro da cidade de Curitibanos, seguindo as placas, sentido Lebon Regis e Caçador. Maravilha de caminho, domingão de manhã, frio, pouca gente na estrada. Pilotamos por uns 40 km só de curvas, asfalto bom, curvas maravilhosas pra fazer com a moto deitada e acelerando.

Nossa viagem de um total de 930 km nesse dia foi feita em menos de 12 horas. Paramos somente para abastecer e aproveitávamos para umas barrinhas de cereais, sem aquele almoço demorado.

Chegamos em Foz por volta das 19:15 h, cansados, mas felizes por mais uma jornada cumprida.

Agora, aproveito esta postagem para lançar o Projeto Atacama 2015. Depois de duas pequenas viagens no Brasil (Bonito-MS e Serra do Rio do Rastro-SC), penso que está na hora de programar uma viagem internacional. Nesta viagem, rodamos 2.363 km. Para o deserto do Atacama, a previsão é rodar mais ou menos 5.500 km, percorridos em cerca de 15 dias, com roteiro saindo de Foz atè Asuncion, capital do Paraguai, cruzando todo o chaco argentino e a Cordilheira  do Andes pelo Paso Jama, litoral do chile, Antofagasta, Copiapó e retorno pelo Paso Sao Francisco.


Viagem de moto para Serra do Rio do Rastro e Corvo Branco - SC (parte 1 de 2)

Com três feriados próximos, ou seja, 18 (sexta), 21/04 (segunda) e 01/05/2014 (quinta-feira), pude marcar 10 dias das minhas férias no meio deles e estender a folga para pelos menos 14 dias corridos para viajar. Para fugir dos dois primeiros feriados e dos altos preços cobrados pelas pousadas no feriadão prolongado, resolvemos iniciar a viagem no dia 22/04, terça-feira.

Desta vez, minha esposa não foi comigo. O presidente do nosso moto-clube Barraqueiros do Asfalto, o Jorjão, resolveu seguir nessa aventura comigo.

Saímos juntos por volta das 07:40 h do dia 22/04 do Posto 3 Fronteiras da BR 277, onde completamos os tanques das motocas. Segue abaixo os dados da viagem :

Resuminho da viagem:

Motos: Suzuki VStrom 650 (Alexandre - Miti) e a CB 300R do Jorjão.
Destino: Urubici - SC e Serras do Corvo Branco e Rio do Rastro - SC
Distância total percorrida: 2.363 km, ida e volta (incluindo os deslocamentos no destino)
Estados: Paraná e Santa Catarina.
Período: 22/04 a 27/04/2014 (terça a domingo).

Veja nosso roteiro geral abaixo, pelo Google Maps:


Agora com foco só na região das serras catarinenses :


A legenda do mapa é a seguinte:
B - cidade de Urubici - SC
C - Serra do Corvo Branco
D - Cidade de Bom Jardim da Serra - SC
E - cidade de Braço do Norte - SC
F - cidade de Tubarão - SC

A cidade de Urubici tem cerca de 10 mil habitantes e fica num vale cercada de montanhas e serras maravilhosas para percorrer de moto (dá para gastar bem as bandas laterais dos pneus, rsrsrsrsrs). Lotada de Pousadas, fora dos feriadões tem preços bem razoáveis. Ficamos na Pousada Coqueiro, onde a proprietária D. Marlete nos atendeu muito bem. Pagamos R$ 100 por um quarto duplo com duas camas de solteiro, incluindo um bom café da manhã e ainda garagem coberta para as motocas. Pelo site oficial da cidade de Urubici voce tem os dados de contato com a Pousada. Recomendo!

(Para melhor visualizar, clique nas fotos abaixo para ampliá-las).

A viagem em si:

1. dia:  22/04/2014 - De Foz do Iguaçu - PR a São Cristovão do Sul - SC - 690 km rodados.

Saímos de Foz no dia 22/04, terça-feira, às 07:40h, sentido Cascavel pela BR 277, já com tempo nublado. Pouco antes de Cascavel, na cidade de Santa Tereza D´Oeste, dobramos à direita, sentido SC/RS. Passamos por Francisco Beltrão, com garoa, e Pato Branco já debaixo de muita chuva. Num dos trechos sob muita chuva, enquanto eu ultrapassava dois caminhões, um galão de plástico de uns 20 litros (vazio acho eu) se soltou de um dos caminhões, caindo no asfalto bem na minha frente. Consegui desviar em cima, mas senti que o galão bateu no meu pé direito. Felizmente, foi só um susto. É preciso muito cuidado e atenção com veículos de carga, que podem deixar cair parte da carga na pista e complicar sua viagem. Vi um vídeo no site www.duasmotos.com de um pneu que se soltou de um caminhão e derrubou um motociclista na estrada. Felizmente, o motociclista sofreu apenas arranhões.

A chuva persistiu durante todo o dia, atrasou muito a viagem e por isso conseguimos rodar apenas 690 km nesse dia. Paramos na pequena cidade de São Cristovão do Sul-SC, ainda com chuva lá pelas 19:00h. Cansados e ensopados, ficamos num hotelzinho na beira da BR 116. Vejam abaixo as fotos:

Tudo estendido na cama para secar, além do varal montado no quarto.
Dentre os itens de sua bagagem para uma viagem de moto, não esqueça daquelas cordinhas de nylon para fazer um varal no quarto. Não ocupa espaço na bagagem e pode ser bastante útil. É meio brega, mas quem se importa com isso ?
Essa chuvarada toda foi uma prova perfeita para

testar a impermeabilidade das roupas e equipamentos. Meu conjunto de jaqueta e calça da marca Leoshi resistiram bem, mas a calça permitiu a entrada de água pelas costuras da bunda. Minhas luvas de couro não resistiram e chegaram ensopadas. Com relação às botas, estava usando pela primeira vez. Da marca STEITZ, fabricada no Rio Grande do Sul, segundo a vendedora, passou com louvor no teste. Adquirida em São Paulo-SP por R$ 345,00 valeram cada centavo. Já o capacete escamoteável, da marca LS2, não passou no teste, pois com chuva constante durante muito tempo, permite a entrada de água entre a viseira e o casco, molhando sua forração interna. Os capacetes poderiam ter um anel de borracha na parte superior, entre a viseira e o casco, para evitar que as gotas de água escorressem para dentro do capacete.

Testei também um intercomunicador da marca BT Multi-Interphone, adquirido a um ano e meio atrás pelo site "ebay.com", por cerca de US$ 83,00. Funciona muito bem até uns 80 km/h. Depois disso, o baralho do vento não deixa ouvir mais nada. Mas quando comparado com um intercomunicador da marca Scala Rider, que custa cerca de R$ 1.400,00 no Brasil, o custo/benefício dele foi excelente. Para quem não quer ou não pode investir muito nesse item, eu recomendo aquele. Outro item testado foi a câmera GoPro Hero 3+ Black Edition adquirida a uns 20 dias. Funcionou bem durante a viagem, mas depois, após o retorno de viagem, acredito que a bateria pifou. Vou verificar melhor depois, com mais calma. E, por último, testei o suporte para o GPS da Garmin (modelo 350 LM para motos), instalado logo acima do painel da moto e que ficou numa posição excelente para visualização durante a pilotagem. Voce não precisa baixar a cabeça para visualizá-lo, pois fica acima do painel e não preso ao guidão.Vou fazer uma pequena postagem à parte, com fotos, sobre esse suporte.

Olha o estado das motocas após esse dia de muita chuva:


A CB 300 R do Jorjão.











E a minha "Suzi" toda suja na garagem do Hotel.







2. dia: 23/04/2014 - De São Cristovão do Sul - SC a Urubici - SC - 182 km rodados.

Não tivemos sorte com o tempo mesmo e fizemos esse trecho restante de ida, ora com garoa, ora com tempo nublado, sem chance de sol. Para chegar em Urubici pela face norte, você sai da BR 282 e entra à direita na Serra do Panelão. São uns 15 km de uma Serra linda e um visual de tirar o fôlego. Pena que eu não estava preparado e não tirei nenhuma foto. Mas fica aqui a dica. Instalamo-nos na Pousada Coqueiro em Urubici por volta das 12:30h e após o almoço, mais chuva. Tiramos o resto da tarde para descansar e organizar a bagagem no quarto.

3. dia: 24/04/2014 - Urubici-SC - cerca de 100 km rodados.

Após o café da manhã na Pousada, saímos para conhecer alguns pontos turísticos da cidade.



Em estilo arquitetônico gótico, a lateral da Igreja Nossa Senhora Mãe dos Homens, padroeira da cidade. Fica localizada no centro.










No centro da foto ao lado, tirada do alto de um mirante, a mesma Igreja, em forma de cruz, se vista de cima.









A pequena, mas charmosa cidade de Urubici vista do alto de um mirante, que fica na estrada a uns 5 km da cidade, sentido São Joaquim-SC.









Ainda na cidade, posando para a máquina fotográfica.











Lá no mirante, felizes por estarmos na estrada.











Ainda no mirante, quase despencando morro abaixo.












Entrada do Parque Cascata do Avencal. Na janela de vidro da Casa Sede já tem um monte de adesivos dos Moto-clubes que por ali passaram. Lógico que não poderia faltar o dos Barraqueiros do Asfalto.








Uma parte da Cascata do Avencal, com a Casa Sede ao fundo.









A bela Cascata do Avencal, em foto de "corpo inteiro", com 100 metros de queda. Acessamos a cascata pelo topo, mas voce também pode chegar em sua base, acessando-a através de uma caminhada de cerca de 800 metros, entre mata nativa e pedras, a partir de um outro local. Não fizemos esse passeio desta vez. Fica na rodovia sentido São Joaquim, a uns 6 km do centro.















Olha aí o Jorjão, na mureta da Cascata com cara de assutado por causa da  altura.












O pequeno filete de água da cascata e o visual belíssimo do vale, ao fundo.










Este lugar aí ao lado, cheio de neblina e num frio de rachar, é o Morro da Igreja, que fica a cerca de 1.900 metros de altitude. Apesar desse nome, não existe uma igreja lá em cima, mas uma base da Aeronáutica.




Veja a placa, avisando tratar-se de área militar, do Comando da Aeronáutica - Cindacta II.
Subimos nesse morro para ver a Pedra Furada que, em dias de tempo bom, tem um visual belíssimo, permitindo ver inclusive o mar de Santa Catarina. Nesse local foi registrada a temperatura mais baixa no Brasil, ou seja, 17,8 graus C negativos.





Gruta Nossa Senhora de Lourdes, com imagens religiosas, debaixo de uma queda d´água.












De novo a Gruta, que tem acesso fácil e fica no sentido do Morro da Igreja, a uns 12 km do centro de Urubici.






4. dia: 25/04/2014 - Serra do Corvo Branco e Bom Jardim da Serra - SC cerca de 180 km rodados.


Esse dia foi o de maior aventura e adrenalina desde que comecei a pilotar motocicleta. Isso porquê teve de tudo. Pilotagem em asfalto plano bom e em serra, em cascalho, em terra e em lama, que me levou ao chão. De Urubici até a Serra do Corvo Branco, são cerca de 20 km de asfalto. Na sequência, são 5 km de terra com pedras e algum cascalho, plenamente transitável para qualquer tipo de moto. Veja algumas fotos abaixo.


Antes de entrar no trecho de terra, parei, preparei a câmera GoPro e saí filmando até o topo da Serra. À medida que começamos a subir, a neblina apareceu e no topo não dava para ver muita coisa. Uma pena. Quem sabe uma próxima vez não temos mais sorte com o tempo. Assim que eu conseguir editar o vídeo, vou postá-lo aqui.


Esta placa fica no primeiro mirante, antes de começar a descer a Serra.


Nesta placa, afixamos o adesivo do nosso moto-clube Barraqueiros do Asfalto. Veja o adesivo ao lado, com fundo preto e letras em dourado e branco.






Nossas adoradas, prontas pra aventura.









Pausa para uma foto com conhecidos, pai e filho numa caminhonete com placa de Lages, antes de descer a Serra.







As fotos que seguem abaixo foram tiradas já quando descíamos a Serra do Corvo Branco. De início, no trecho mais sinuoso e íngreme, tem asfalto. Depois, o asfalto vai ficando ruim e acaba de vez.









Segue um pouco de terra misturado com pedras lisas.












O visual ao redor é bonito (talvez também um pouco sinistro, com aquela névoa toda).













Veja ao lado que o negócio começou a ficar feio para nós, que não temos motos apropriadas para o off-road, ou lamaçal mesmo, logo adiante.










Voltou novamente um pequeno trecho de asfalto ruim, mas a rodovia estreitou bastante. De um lado, morro e de outro, uma ribanceira de dar calafrios.













Encontramos um colega motociclista seguindo no mesmo sentido. Já avisava que a coisa tava feia na sequência da rodovia. Mas mesmo assim, resolvemos seguir adiante. Depois constatamos que foi uma decisão infeliz.








Aqui a coisa pegou. A estrada tava um "sabão". Acho que nem se eu fosse caminhando, conseguiria parar de pé, quanto mais numa moto de uns 250 kilos, somando bagagem e tudo o mais (sem contar o meu peso). O Jorjão foi primeiro e como ele já tem mais anos de moto do que eu, ele foi devagar, apoiando nos dois pés, como se fossem as rodinhas de uma bicicleta e conseguiu passar por este trecho.




Uma pena que no momento de programar a GoPro para filmar (isso antes de começar a descer a serra), acabei programando para bater sequências de fotos (acho que uma foto a cada meio segundo).
Pois bem, essa foto aí ao lado foi a última antes do tombo.








E eis o tombo, que na hora te deixa muito puto da vida, mas depois vira piada e risadas.
De prejuízo mesmo, só o pisca esquerdo quebrou a capinha preta, mas continuou funcionando e a lente transparente também ficou intacta. Também o protetor lateral tubular da Givi amassou, mas foi fundamental para que não amassasse o tanque e a carenagem. Quando você compra uma moto, pra mim, esse é o primeiro acessório que precisa ser instalado.


E a minha "Suzi" no chão é uma cena triste, que não desejo pra ninguém.
Mas dizem que há dois tipos de motociclistas: aqueles que já caíram e aqueles que ainda vão cair.
Pois é, sou o mais novo integrante do primeiro grupo.
Felizmente, não teve maiores consequências. E o pior de tudo é o seguinte: depois desse tombo, ainda prosseguimos na estrada, achando que seu estado fosse melhorar. Doce ilusão.



Depois desse tombo na lama, ainda deixaria a moto cair na lama uma outra vez. Quando tivemos informação que tinha até carro atolado naquilo que chamaram de rodovia SC-439, resolvemos retornar, pois até a cidade de Grão-Pará, quando voltaria o asfalto, ainda tínhamos uns 30 km. Essa quilometragem no asfalto não é nada, mas numa estrada naquelas condições é uma eternidade. Só sei que de tanto forçar a embreagem da VStrom, não deu mais regulagem do cabo no guidão. O resultado foi que fiquei praticamente sem embreagem. E como fazer para subir serra acima quase sem embreagem ?

A sorte foi que tinha levado um pedaço de corda de 5 metros que havia comprado ainda em Foz do Iguaçu. O Jorjão, com a CB 300 me guinchou morro acima. Amarramos a corda na pedaleira esquerda dele e no meu garfo da suspensão dianteira. Foi um sufoco, pois a corda afrouxava e, quando esticava dava aquele tranco na minha moto e puxava o guidão para um dos lados. Nessas condições, deixei a moto tombar outras duas vezes, mas também sem nenhum dano na moto ou a mim. Só mesmo o moral lá em baixo diante daquele situação.
E assim prosseguimos em retorno para a cidade de Urubici. Chegamos com as motos cheias de lama, numa sexta-feira à tarde, com o primeiro posto já lotado e sem vagas para lavagem. No segundo, lavamos primeiro a minha moto e segui para um mecânico ao lado para ver se consertava a embreagem. O cara abriu uma pequena tampa inferior para onde apontava o cabo da embreagem e disse categoricamente que o disco de embreagem estava todo gasto e teria de trocar. Claro que naquele cidadezinha não encontraria a peça e ele começou então a ligar para Florianópolis, depois para Lages e nada de achar a peça. Em Floripa, o preço seria de R$ 1200,00, mas não tinha a peça. Comecei a me desesperar, já pensando em deixar a moto ali e voltar de ônibus.
Foi aí que São Jorge chegou. Eu não era tão azarado assim. O amigo de viagem Jorjão virou o Santo São Jorge. Ele tinha lavado a moto dele e veio para o mecânico ver como estava a minha embreagem. A tampa inferior da embreagem ainda estava aberta. Ele pediu ao ajudante da mecânica uma chave de boca no.10 e uma chave de fenda. Destravou a porca de aperto, retornou o parafuso de ajuste umas duas voltas (parafuso que fica dentro da porca), e apertou a porca de novo. Pediu para o ajudante botar a tampa inferior de volta, montou na moto e foi tirando a moto da oficina. Isso tudo em dois minutos. E eu só olhando, sem entender nada de mecânica. Já fora da oficina, o Jorjão falou: pega a minha moto e vamos embora daqui. Montei na moto dele e saímos. Paramos 1,5 km depois. A embreagem da VStrom funcionava perfeitamente, como num passe de mágica. Era só uma questão de regulagem e aquele filho da puta da oficina certamente sabia disso e queria me esfolar vivo. Se não fosse o amigo Jorjão, estaria numa fria daquelas e arcando com um prejuízo absurdo. Depois de passar por uma situação dessas, a gente reflete. Viajar sozinho pode ter suas vantagens. Mas viajar com um bom amigo e que ainda entenda de mecânica é muito melhor.
Após destrocarmos as motos, saímos de Urubici por volta das 15:30h e seguimos para Bom Jardim da Serra, pois nosso próximo destino seria a Serra do Rio do Rastro. Chegamos em Bom Jardim por volta das 17:30h, pois foram uns 80 km de muitas curvas. Estávamos completamente exaustos por conta do esforço de tirar as motos da lama, descendo e depois subindo a serra de volta. Encontramos uma pousada com um custo benefício razoável (R$110 o quarto com duas camas de solteiro), banho quente, jantar num restaurante próximo e cama. Fazia um frio de rachar. Dia seguinte seria a vez da Serra do Rio do Rastro.

Finalizo aqui a parte 1 dessa jornada deliciosa (rsrsrsr, depois que passa o susto e a raiva do tombo sim....). Na sequência a segunda e última parte dessa aventura.