terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Dia 6 – 02/01/2015 – De Purmamarca-ARG a San Pedro de Atacama-CHL – 450 km

Esse foi um dos dias mais esperados, pois, pela primeira vez, todos nós iríamos cruzar da Argentina para o Chile de moto pelo Paso Jama.

Aqui, de novo, uma correção da quilometragem. Se você for traçar esta rota pelo GoogleMaps, perceba que ele tem um erro, pois apresentará um total de 741 km, cruzando a fronteira pelo Paso Socompa, que dá uma grande volta até chegar a San Pedro, no Chile.

Como alternativa ao GoogleMaps, utilize o buscador de rutas argentinas pelo site www.ruta0.com e coloque na origem Purmamarca e destino San Pedro de Atacama e vai ver que dá 450 km e não 741. Uma diferença de quase 300 km.

Como eu disse anteriormente, se conseguíssemos hospedagem em Susques, já distante 145 km de Purmamarca em direção a San Pedro, teríamos apenas uns 300 km para fazer esse trecho no dia, que por ser muito bonito, merece mais paradas para fotos e contemplação. Mas não tivemos problemas com o tempo de travessia ou com paradas, pois saímos relativamente cedo de Purmamarca (9h).

Ainda tem a parada obrigatória para fazer imigração na aduana, que é integrada, ou seja, você para uma vez só e já faz a saída da Argentina e a entrada no Chile de uma vez só, num galpão só. Apesar disso, perdemos bem umas 2 horas. Quanto mais cedo você chegar na aduana, menos ônibus de turismo e filas vai pegar. Os fiscais do Chile ainda fazem você abrir toda a sua bagagem para checar itens proibidos, como produtos de origem animal ou vegetal in natura.

A documentação pedida nos trâmites migratórios foi o passaporte ou cédula de identidade (só o Odair não tinha o passaporte), o documento de propriedade da moto (CRLV) e a nossa habilitação-CNH. O restante da documentação que levei (seguro SOAPEX, carteira de vacinação da ANVISA e etc) não foi pedida, nem na aduana e nem durante a viagem no Chile ou na Argentina.

Não sei se tivemos sorte ou se afrouxaram mesmo a fiscalização para as motos, mas não fomos incomodados em nenhum momento pelos policiais chilenos ou argentinos, todos muito cordiais e tranquilos.

Sobre o mal da altitude, ou Soroche, levamos e tomamos o remédio Diamox, indicado por um site de adeptos do montanhismo e, não sei se por efeito real ou psicológico do remédio, nenhum de nós passou mal, exceto o Ricardo, que foi o único que não tomou o Diamox. Esse remédio vem em comprimidos e é barato (R$12,00) e não precisa de receita médica. Penso que é uma boa opção às folhas de coca, que devem ser mascadas durante todo o tempo da travessia. Dizem que o chá de coca não resolve, pois o corpo absorve muito rápido e o seu efeito benéfico passa depressa.

Ainda sobre o mal da altitude, o Ricardo, nos quilômetros finais desse trecho, passou muito mal ainda sobre a moto e, na mesma noite que chegamos em San Pedro, ficamos todos aguardando o reestabelecimento do Ricardo no posto médico por umas 3 horas. Ele sofreu dores de cabeça e náuseas e, segundo o médico plantonista, também de desidratação. Tomou soro, dormiu um pouco e seguimos para o Hostal que havíamos reservado. Dia seguinte, ele já estava bem melhor, mas, para nossa surpresa, o Ricardo resolveu retornar para o Brasil. Como iríamos fazer ainda o Paso San Francisco na volta, ainda com maior altitude que o Paso Jama, ele ficou com receio de nos incomodar, considerando que no San Francisco são 470 kms sem pontos de apoio, exceto pelas duas aduanas, a chilena e a argentina.

Assim, foi realmente uma pena, mas perdemos um grande companheiro de estrada e também meu companheiro de quarto. Não esqueço de que, quando ele passava por mim na estrada, gritava de sua moto: “Vamo Miti”. Isso porquê eu com a minha Suzi, a única 650 do grupo contra duas GS 800 e duas GS 1200, era difícil acompanhar as BMW. Essas pequenas “passagens” marcam a gente e essa, sem dúvida, ficará gravada em minha memória para sempre. Obrigado Ricardo pelo carinho.

Quero aqui também aproveitar para agradecer a todos do grupo por terem me esperado na estrada, e em especial ao Coyote (Sérgio), pois ele, com sua GS 1200 de 33 litros de combustível, tinha mais autonomia que todos para voltar e ver se estava tudo ok comigo. (obs.: as novas GS 1200 tem 23 litros no tanque, mas a do ano de 2007 tem 33).

Sobre a estrada, tudo perfeito, dia lindo, sem chuva, apesar de termos saído de Purmamarca com algumas nuvens rondando. Mas logo se dissiparam e tudo ficou perfeito.

Primeiro subimos a serra chamada Cuesta de Lipan e depois de um longo retão, vai aparecendo aos poucos no horizonte a visão magnífica das Salinas Grandes, uma grande área de sal cortada pelo asfalto (veja as fotos) que era mar e secou há milhões de anos atrás. Para nós, era tudo tão diferente e bonito, que saímos da estrada e rodamos um pouco sobre o Salar para ver e sentir bem de perto como era. Neste mar de sal, havia uma trilhas onde ainda havia água e com o piso provavelmente fofo, onde certamente não podíamos colocar as motos sob risco de afundar. Provei dessa água e era quase que sal puro.

Depois das Salinas Grandes, continuamos subindo em direção à placa da divisa internacional do Paso Jama, com altitude de cerca de 4100 metros (veja fotos da placa).

Após a divisa, mais um retão e, em seguida, você começa a avistar o grande vulcão Licancabur à sua direita, magnífico e imponente.

Ainda na altitude entre 4000 e 4300 metros, a temperatura que as BMW marcavam no painel estava em 8 graus e com o vento forte que pegamos, a sensação térmica era bem baixa. Aqui, faz-se necessário luvas quentes, segunda pele e os forros térmicos das jaquetas e calças de cordura. Mas esse frio não é por muito tempo. Faltando uns 40 km para chegar em San Pedro, começamos a descer rápido e saímos dos 4 mil metros para cerca de 2200 metros de San Pedro e a temperatura de 8 para 24 graus. Chegamos a San Pedro por volta das 17hs, com sol ainda alto.

Vamos apreciar as fotos e não esqueça de deixar sua dúvida ou comentário ao final.

Saindo de Purmamarca e começando a subir. Umas nuvens rondando...

O céu vai abrindo e o cenário cada vez mais bonito.

Como é bom fazer curvas numa motocicleta.

Virando o capacete de lado para captar fotos mais bonitas.


Parada para fotos dos amigos de estrada.

E a beleza enchendo o coração e a alma da gente.

E a minha Suzi testemunhando este momento especial.

Subi a pé num morro em frente para clicar esta foto do lindo casal...haja fôlego na altitude.

Até que o samurai Miti não ficou mal na foto.

Cuesta de Lipan, um belo visual. Meus cabelos brancos até que combinaram com a paisagem.

Agora com este incrível camarada, o Odair ou, para os íntimos, Burro Branco.

Foto do GPS para não me deixarem mentir sozinho sobre a altitude do lugar: 3776 metros.

Ainda mais alto (4170m), na foto com a Dadiva.


Minha guerreira Suzi, contemplando a paisagem.


Veja a estrada minúscula, rasgando os montes.

Começamos a avistar as Salinas Grandes, magnífico salar.

Olha que visão das Salinas Grandes !

Incrível.

Depois do meu empurrão, a placa ficou ou não ficou mais
 à direita ? Confira na foto seguinte...


Minha Suzi diante das Salinas.

Tudo bem...é repeteco...mas eu não resisto.

Experiência fotográfica: máquina bem na divisa das pistas na estrada
e temporizador automático acionado.

O lindo casal BB e Dadiva, festejando a alegria de estar aqui.

Opa: outra foto de aproximação nas salinas. 

O visual das salinas se aproximando é impressionante.

A estrada cortando o deserto de sal.

Não resistimos, saímos da estrada e rodamos no deserto de sal das Salinas Grandes.

Que delícia, parecemos crianças  patinando no gelo (sal) pela primeira vez.

Desculpa ai.............novo registro da minha Suzi, agora no sal.

Veja os cortes no sal. Provei esta água e é quase que sal puro.


Mais estrada...

Chegando na divisa internacional entre os dois países.

Motocicleta, liberdade, estradas, natureza, amigos...que mais podemos pedir ?

Chegando no Paso Jama.

Paso Jama. Divisa Internacional entre Chile e Argentina. Ainda tem 160 km até San Pedro de Atacama.

Beleza que alimenta a alma...

Precisam fazer um capacete com uma boa queixeira para segurar os queixos caídos....

As estradas mais lindas do mundo.

O vulcão Licancabur, em segundo plano na foto.

O vulcão Licancabur no alto e à esquerda da foto.


7 comentários:

  1. belíssima viagem, você enxergou poesia no deserto.

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  2. Valeu Mário, obrigado pela visita ao blog. Desculpe a demora na resposta.

    Mário, acho que devíamos ter uma matéria na escola chamada educação dos sentidos. No caso da visão, a gente precisa aprender a olhar também com os olhos da alma. Ainda tenho muito que aprender.

    Abração.

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  3. Olá amigo, se eu for por Jujuy e depois por Purmamarca pegando a 52 passo por essas serras.

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    1. Ade, obrigado pela visita ao blog.
      Sim, pela Ruta 52 você vai passar por estas serras das fotos desta postagem aí de cima.
      Abraço e boas estradas.

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  4. gostaria de saber detalhes sobre a documentacao do veiculo e pessoal que é exigida..

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  5. Olá Cesar, pra tentar resumir pra você, leve documento de propriedade (CRLV) do veículo em seu nome (se não estiver, autorização do proprietário), sua CNH dentro da validade, seguro Carta Verde para o período da viagem e sua cédula de identidade (melhor o passaporte). Os demais documentos (PID e etc), eu levei, mas não foram exigidos. Na minha postagem do dia 30/09/14, sobre a documentação exigida, tem tudo detalhado lá. Se ainda tiver dúvidas, escreve de novo. Abração. Alexandre

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  6. Bom Dia!
    Alexandre, acompanhei as suas viagens pelo seu blog, vou fazer uma viagem em junho para argentina, tem algum roteiro que posso usar com uma moto de 150 cilindradas.
    desde já agradeço.
    Obrigado!

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