quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Mensagem final da viagem ao Atacama.

Por Alexandre Mitiura (Miti):

Um domingo, dia 11 de janeiro de 2015, terminou a aventura com os amigos pelo Deserto do Atacama. Foi minha primeira viagem internacional e de mais longa distância.

Foram 15 dias de jornada pela Argentina e Chile e mais de 6 mil kms, ida e volta.

Somente agora, mais de três semanas depois, já em Foz do Iguaçu, comecei a refletir sobre o significado dessa viagem. Talvez essa peregrinação por culturas e países estranhos vise buscar aquele “algo mais” em nossa bagagem de vida, a que já me referi em outro artigo.

A viagem foi única, inesquecível e marcará para sempre a minha vida.

Recheada de aventura, adrenalina e emoções fortes, inclusive pelas quedas de moto que vivi. Nada sofremos, eu e a moto. Mas, por um momento, quando achei que a viagem pudesse ter acabado, o Odair e os amigos vieram voando em meu socorro e levantaram minha moto e meu moral para continuarmos a aventura. Nesses momentos, a gente aprende a valorizar ainda mais a amizade e a solidariedade.

Na altitude do Deserto do Atacama, estive mais próximo do criador e pude contemplar suas mais belas criações. Vales, desfiladeiros, montanhas nevadas, salares, lagunas e vulcões. Tudo isso ilustrado pelas mais belas estradas e caminhos por que já passei.

Foi uma experiência física, ao pilotar nos mais variados tipos de terreno e de clima (chuva, sol, asfalto, rípio, terra, pedras) e temperaturas (de 2 a 45 graus), e também uma experiência espiritual, meio mística.

Voltei com mais humanidade, mais serenidade, mais desprendimento e creio eu, com um pouquinho mais de sabedoria para discernir aquelas coisas com que devo realmente me preocupar na vida, daquilo que devo esquecer (para lembrar aquela famosa oração). Voltei também com a alma renovada e alimentada por ter visto tanta beleza, em tão pouco tempo.

Quando parava a moto, no silêncio do Deserto, conseguia ouvir minha respiração ofegante por causa da altitude. Raro silêncio num mundo cada vez mais louco e barulhento. Agora, depois da viagem, percebo que devia ter levantado mais cedo, que devia ter parado a moto mais vezes, que devia ter contemplado mais preguiçosamente a beleza da natureza, principalmente na travessia do Paso Jama e Paso San Francisco, as mais belas que já fiz (veja os dias 6 e 12 dos artigos do blog).

Aos companheiros de viagem Odair, Dadiva, Rogério, Ricardo, Sérgio e Marconde, com quem compartilhamos muitos momentos alegres e outros mais tensos, quando caímos e nos juntamos para levantar as motos, o meu eterno agradecimento pelo companheirismo, pelo exercício de convivência, de paciência e de tolerância, virtudes que acabaram fazendo dessa viagem um maravilhoso sucesso.

Com a publicação do relato e das fotos da viagem, espero também poder ajudar outros motociclistas a viajar pelos caminhos da Cordilheira dos Andes.

Com o intuito de incentivar as pessoas a viajar mais, finalizo essa mensagem com o meu poeminha:

“Alma não se alimenta de pão. Alma se alimenta da beleza da natureza.

Pão engorda e pesa. A beleza traz leveza e alegria. Viaje em busca da beleza.”




terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Dias 14 e 15 – 10 e 11/01/2015 – De Santiago del Estero a Resistência (665 km) e a Foz do Iguaçu (646 km).

Estes últimos dois dias repetem os dois dias iniciais da nossa viagem ao Atacama, por isso, é desnecessário descrevê-los porque já foram descritos no início.
Na ida, quando passei pela Ponte sobre o Rio Paraná, que separa as cidades de Corrientes e Resistência, na Argentina, não consegui tirar fotos da ponte.
Desta vez, na volta, pra não perder a oportunidade, e considerando que não dá pra parar a moto em cima da ponte, coloquei a máquina fotográfica pendurada no pescoço, já ligada e sem a capa da lente e, quando queria fotografar, somente apontava a máquina e clicava, com a moto em movimento mesmo. Esse procedimento não é aconselhável porque você tira uma das mãos do guidão para fotografar, afetando a segurança da condução da moto. Não obstante, reduzi bastante a velocidade e fotografei a ponte. Não coloquei a GoPro presa ao capacete desta vez e assim, tive que improvisar.
Ah, e não esqueça de trafegar pela via lateral da avenida, logo após a ponte, pra não ser multado pela polícia da cidade, pois eles dizem que as motos não podem circular pela via principal.
A volta pra Foz do Iguaçu no dia 11 de janeiro, um domingo, foi tranquila. Passamos em Puerto Iguaçu e o Odair e a Dadiva ainda compraram uns pescados no supermercado e fizeram uma janta maravilhosa pra todo o grupo. Mostramos as fotos e contamos os causos para os amigos de Foz. Estiveram presentes o Antonio, com a sua Yamaha XT 660, o Jair Terror, contador de piadas e mais uma galera bastante animada e curiosa.
Parabéns ao Odair e à Dadiva, porque depois do cansaço da viagem, ainda tiveram ânimo e pique para cozinhar para nós. Infelizmente não tirei fotos do jantar.

Veja as fotos da ponte entre Corrientes e Resistência, na Argentina:






Fim da nossa aventura ao Atacama. Estou preparando uma mensagem final aos leitores e será postada em breve.

Dia 13 – 09/01/2015 – De Fiambala a Santiago del Estero – 553 km

Esse trecho de 553 km que, a princípio, seria um dia sem grandes atrativos, acabou nos surpreendendo. Isto porquê conhecemos, na Hosteria Municipal de Fiambala, o Tarlom, de Londrina-PR, que nos indicou seguir pela “Cuesta de Portezuelo”, na Província de Catamarca.
Localizada na bela Serra de Ancasti, a subida é asfaltada e feita pela RN 2 (Ruta Nacional 2) através de uma vegetação um pouco densa, de muito verde e encostas íngremes de pedras e muitos mirantes, de onde se pode admirar o vale central de Catamarca. Tem uma extensão de cerca de 20 km serpenteando a serra e alcança quase 1700 m.s.n.m. (metros sobre o nível do mar) no seu cume.
As belas paisagens do local inspiraram Rodolfo Polo Gimenez (poeta, compositor e cantor) a escrever a famosa canção “Paisaje de Catamarca” (veja a placa).
Os mais aventureiros encontram ali um lugar perfeito para voos de parapente e de asa delta.

Foi uma bela e feliz indicação do Tarlom, e que foi depois ratificada pelas paisagens e cenários que vimos e pelas fotos que tiramos. Acompanhe.
>>>>>>Não esqueça de clicar nas fotos para vê-las ampliadas.<<<<<<<<<<<<<
Alguns kms depois de Fiambala.

Asfalto impecável, mas paisagens quase desérticas.


Um pouco de serra e curvas para nossa diversão.




Big-trails reunidas numa tomada.



Serra boa de pilotar, com a mudança na vegetação.


Chegando próximo à "Cuesta de Portuzuelo"

No começo da subida da Cuesta de Portuzuelo.

Moto deitada, curvas fechadas. Todo cuidado é pouco.


Vista magnífica, mas cuidado com o precipício.

Pequena parada para contemplação.

Vista central do Valle de Catamarca.

Lá embaixo, o vilarejo de "El Portuzuelo".

A tropa reunida num dos mirantes do vale.

Placa em homenagem a Rodolfo Pollo Gimenez, poeta, compositor e pianista, autor da famosa canção "Paisaje de Catamarca", descrita acima.


Selfie.




......e vai estreitando.....


A "Suzi", posando para fotos.


E chegamos ao "Cumbre de Portuzuelo". Veja a placa amarela.

Já do outro lado do Vale de Catamarca.

Um pequeno vilarejo.

Valeu Marconde MM pelo registro da minha passagem pelo riacho.

De novo uma foto do MM.


Esta "Cuesta del Portezuelo" não estava nos nossos planos, mas graças ao Tarlom, de Londrina-PR, pudemos conhecê-la. Obrigado Tarlom.