terça-feira, 30 de setembro de 2014

Projeto Atacama 2015 - Preparativos II - Documentação exigida.

Continuando a postagem anterior sobre os preparativos, agora vou falar sobre a documentação exigida. Os itens de bagagem ficam para o próximo artigo.

3 - Documentação exigida.

Para uma viagem de moto para os países da América do Sul, há uma documentação básica e alguma documentação específica que um ou outro país exige.

A documentação básica para entrar e sair de qualquer país sul-americano é a seguinte:

  • Passaporte ou Cédula de Identidade. O documento de viagem mundialmente aceito é o passaporte. Em função de um acordo que abrange a grande maioria dos países da América do Sul (exceto a Guiana, Guiana Francesa e o Suriname, se não me engano), você pode viajar utilizando sua cédula de identidade emitida pelo seu estado. Mas tem um detalhe muito importante: como ela não tem data de validade, a permissão de entrada no país fica a cargo da polícia de imigração, ou seja, se o policial achar que sua foto não permite a sua identificação pessoal, ele pode impedir sua entrada. Alguns países fixam uma regra mais objetiva, ou seja, aceitam cédulas com até dez anos de emissão. Lógico que ela deve estar em bom estado de conservação também. Se  algum ela dia frequentou uma máquina de lavar em algum bolso de sua calça, esqueça. Melhor emitir outra.                                                                  Ou melhor ainda: prefira o passaporte. Na maioria dos estados, demora mais para emitir uma segunda via da cédula do que o passaporte. Depois que você preenche o formulário, agenda o dia e hora da entrega dos documentos pelo site da polícia federal (www.dpf.gov.br) e paga a taxa (R$ 156,00), demora seis dias úteis para a entrega do passaporte. Preferível o passaporte à cédula porquê nos procedimentos de entrada e saída dos países pelos quais passar, você preenche menos formulários e se livra da burocracia mais rápido. Além disso, você guarda de lembrança no passaporte os carimbos de entrada e saída dos países visitados. Eu penso em levar os dois documentos, guardados em locais diferentes ou um deles com o parceiro de viagem, porquê em caso de roubo ou extravio de um, você usa o outro. Se você ficar sem qualquer documento de identificação no exterior, você precisará procurar uma Embaixada ou Consulado brasileiro, que emitirá um documento de viagem provisório apenas para você voltar ao Brasil. Já imaginou o trabalhão e a dor de cabeça !!!!??? 
  • Sua CNH - Carteira Nacional de Habilitação, em bom estado de conservação e dentro do prazo de validade.
  • PID - Permissão Internacional para Dirigir, emitida pelo Detran de seu estado. Aqui no Paraná, preenchi alguns dados pelo site (www.detran.pr.gov.br), emiti o boleto bancário com a taxa de R$ 74,44 e o documento é entregue no meu endereço em alguns dias. A validade é a mesma da CNH. Não é um documento obrigatório na maioria dos países sul-americanos, pois a nossa CNH é aceita normalmente, mas, neste caso, acho que não vale a pena correr o risco. Leve também esta PID, que serve como back-up da CNH, caso você a extravie. 
  • O documento de propriedade da moto ou do veículo, ou seja, o Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo - CRLV em original e em nome do condutor. Caso esteja em nome de terceiro pessoa física ou jurídica, este deverá providenciar uma Autorização de Condução do veículo mencionando, entre outros detalhes, os países por onde vai trafegar. Deverá também reconhecer a firma do autorizador em cartório. Já li alguns artigos recomendando ainda a legalização dessa autorização nos consulados dos países que vai visitar, instalados no Brasil. No meu caso, aqui na cidade de Foz do Iguaçu, tenho os consulados da Argentina e do Paraguai, onde é fácil essa legalização. Mas como vou passar também pelo Chile, é preciso procurar o consulado do Chile mais próximo. Porém, já li relatos de viajantes onde a legalização dessa autorização não foi sequer mencionada ou mesmo exigida. Acho um pouco de excesso de zelo correr atrás dessa legalização mas, lógico, fica a cargo de cada um avaliar o risco. Penso que a autorização com o reconhecimento da firma em cartório deve ser suficiente.
  • Seguro Carta Verde. Se você tem o seguro total da moto ou vai fazer um, questione seu corretor sobre a inclusão do seguro Carta Verde. Como o próprio nome diz, ele vem em papel cor verde mesmo e cobre danos a veículos de terceiros nos países do Mercosul. Para o seguro da sua moto fora do Brasil, no Mercosul, o seu seguro total deve incluir essa cobertura. Consulte seu corretor sobre isso também. Como parâmetro de preço para sua comparação, renovei o seguro total da minha VStrom 650 ano 2012/13, agora em agosto/2014, por R$2.350,00 incluindo a cobertura da moto nos países do Mercosul e o seguro Carta Verde. Como meu seguro é em região de fronteira (Foz do Iguaçu-PR), há um sobrepreço. Em outras regiões do interior do país, você deverá conseguir preço melhor. Se você não tem o seguro da moto, você pode fazer o seguro carta-verde avulso. É só procurar um bom corretor ou mesmo a seguradora e se informar, mas não é caro. O seguro carta-verde para uma viagem de 15 dias, por exemplo, deve ficar em torno de R$80,00.
  • Vacina contra a febre amarela. Ela é válida por 10 anos, mas precisa ser tomada com, pelo menos, 10 dias de antecedência da viagem. E, ao tomar, exija sua Carteira Internacional de Vacinação e Profilaxia – CIVP, emitida pela ANVISA. Não custa nada. Fora do Brasil, apenas esta CIVP da ANVISA, é aceita. As carteiras de vacinação estaduais ou municipais não servem lá fora. Procure pelos postos da ANVISA nos portos, aeroportos e cidades de fronteira internacional.

Além da documentação básica acima, alguns países estão exigindo uma documentação específica:

·    O Seguro SOAPEX é exigido apenas no Chile. É um seguro obrigatório de acidentes pessoais causados por veículos estrangeiros. Diferente do Carta Verde, que cobre danos materiais, o SOAPEX cobre danos pessoais, ou seja, basicamente as despesas médicas e hospitalares que a vítima terá com um acidente causado por você com placa estrangeira. É o equivalente ao nosso seguro DPVAT. Resumindo, este seguro não cobre você. Para a sua cobertura pessoal com eventuais despesas médicas e hospitalares, você deve contratar um seguro de viagem pessoal. O SOAPEX pode ser contratado pela Internet (não conheço outra forma mais prática) e pago com cartão de crédito internacional. Clicando no banner do “SOAPEX – Seguro Obrigatório para Veículos Estrangeiros” na página principal do site da Seguradora Magallanes (www.magallanes.cl), você faz o cálculo do valor do seguro. Segundo a cotação que fiz hoje 29/09/2014, ficou em US$ 12,00 (doze dólares) por 20 dias (28/12/2014 a 16/01/2015). Na digitação dos dados na página, inclua duas vezes a placa de sua moto (patente), país de registro do veículo, o tipo de veículo é motocicleta e não moto e o período de cobertura do seguro, que deverá corresponder ao tempo da sua estada no Chile. Como o seguro não é caro, coloque uns dias a mais no seguro para eventuais imprevistos. Após a contratação, a seguradora deve enviar-lhe o seguro por e-mail, que você vai imprimir e levar consigo.

·       O Seguro SOAT – Seguro Obrigatório de Acidentes de Trânsito é exigido apenas no Peru. Após pesquisa no link a seguir http://www.mincetur.gob.pe/Turismo/guia_facilitacion/guia/portugues_guia.pdf , encontrei a seguinte definição: “Seguro que cobre os gastos de atenção das pessoas, sejam ocupantes ou terceiros não ocupantes do veículo automotor, que tenham sofrido lesões ou morte como consequência de um acidente de trânsito. Todo veículo automotor que circule por território peruano deve contar com uma apólice vigente de SOAT. Se entrar no Peru com seu veículo, pode adquirir este seguro nas principais cidades e postos de controle fronteiriço do país. Para mais informações, consulte: http://www.soat.com.pe/sobreelsoat.html . Ainda nos postos de controle aduaneiro do Peru, solicite uma autorização para a admissão temporária de sua moto e apresente-a quando solicitada na estrada. Veja a página 39 do link do início do tópico.

Lembretes muito úteis:

Nos trâmites de entrada e saída dos países por onde circular, você vai encontrar filas, burocracia, funcionários mal-amados e etc. Apesar de tudo, mantenha a calma, seja humilde e educado, pois os policiais e funcionários das aduanas tem o poder de impedir a sua entrada no país sem apresentar qualquer justificativa. Não adiantará nada sua reclamação no Consulado brasileiro.

Leve uma cópia colorida dos documentos listados acima. Em caso de perda dos originais, eles poderão ser de grande valia. Deixe as cópias também no seu e-mail em arquivo digital para eventual recuperação.

Propina na estrada. Mesmo que, por princípio, você não seja daqueles de dar propina para o policial na estrada, avalie bem a situação. Você está muito vulnerável, longe de tudo, sozinho, num país estranho, desconhece a legislação e é apenas mais um viajante. Não vai adiantar nada você mostrar a sua carteira da OAB, de promotor público ou de assessor parlamentar. Talvez seja o caso de você deixar o seu princípio de lado naquele momento e separar o dinheiro da propina. Há registros de que entre Resistência, Santiago del Estero e Salta, na Argentina, tem muito policial corrupto. O que pode ajudar é você, antes da viagem, dirigir-se aos consulados dos países que vai visitar e bater um papo com o cônsul, levando consigo, quando possível, um cartão de visita da autoridade consular ou ainda uma carta de apresentação ou recomendação. Pode funcionar na hora da exigência da propina.

Alguns documentos listados acima, como a carteira de vacinação CIVP e a PID não são obrigatórios em todos os países sulamericanos. Mas seja prudente e leve-os assim mesmo. Custam pouco ou quase nada diante de todo o investimento em planejamento e na própria viagem em si. Enquanto você viaja, a legislação dos países pode mudar e passar a exigir aqueles documentos, ou mesmo aquele policial mal-intencionado pode te exigir para justificar aquela propina.

Se você é membro de um moto-clube ou fez um adesivo da sua viagem, leve vários consigo para deixar com o pessoal das aduanas ou mesmo para oferecer aos novos amigos motociclistas que você certamente vai fazer pelo caminho. É uma cortesia que mostra simpatia e que os funcionários ou policiais das aduanas aceitam bem.

Para a próximo postagem sobre os preparativos, vou falar dos itens de bagagem. E a ansiedade aumentando. Faltam menos de 3 meses para viagem. Até lá.



segunda-feira, 22 de setembro de 2014

Projeto Atacama 2015 - Preparativos I - Roteiro e Acessórios

Será minha primeira viagem internacional. O deserto da região do Atacama, norte do Chile, é o destino-sonho de todo motociclista que começa a se aventurar por viagens mais longas. Graças à Internet, podemos viajar antes mesmo de botar a moto na estrada, ao assistir os vídeos e fotos dos muitos viajantes que já fizeram o roteiro.

1- ROTEIRO:

E por falar em roteiro, tracei a rota abaixo após muitas viagens e pesquisas pela internet. E venho aqui publicamente agradecer ao trabalho dos muitos motociclistas que, com muita paciência e zelo, disponibilizaram farto material na rede. Esse material, com dicas e orientações, é de muita valia para aqueles que estão começando nas viagens de média e longa distância, como eu. Espero em breve também poder contribuir. Voltando ao roteiro, tracei a viagem de ida diferente da volta por razões óbvias. Já que estamos na estrada, porque não aproveitar pra conhecer lugares diferentes também na volta!!?

1.dia =28/12/2014 -  Foz + Asuncion até..... Resistencia-ARG..............672  km.............672  km
2.dia = 29/12 - Resistencia    até..................... Salta-ARG..................817  km.............1.489  km
3.dia = 30/12 - Salta.........................................passeios.......................0 km..................1.489 km
4.dia = 31/12 - Salta............final de ano................................................0  km................1.489  km
5.dia = 01/01 - Salta  + Purmamarca  até .......Susques-ARG..............285  km.............1.774  km
6.dia = 02/01 - Susques-ARG  até.(só asfalto)...... SPA-CHI.....345  km......................2.119  km
7.dia = 03/01 - SPA...................................passeios..................................0  km.............2.119  km
8.dia = 04/01 - SPA.................................passeios...................................0  km..............2.119  km
9.dia = 05/01 - SPA.................................passeios...................................0  km..............2.119  km
10.dia = 06/01 - SPA......até............................Antofagasta-CHI...............340  km......... 2.459  km
11.dia = 07/01 - Antofagasta  até...................Copiapo-CHI...................573  km..........  3.032  km
12.dia = 08/01 - Copiapo-CH  até  (244 km de rípio).....Fiambala-ARG...481  km....... 3.513  km
13.dia = 09/01 - Fiambala-ARG...passeios (Termas)..................................................... 3.513  km
14.dia = 10/01 - Fiambala-ARG.....até.............Santiago Del Estero........554  km......... 4.067  km
15.dia = 11/01 - S.del Estero  até.......................Resistencia...................611  km...........4.678  km

16.dia = 12/01 - Resistencia  até......................Foz do Iguaçu................642 km..........  5.320  km

SPA = San Pedro de Atacama

Como parte dos preparativos, acessei o forum do site www.viagemdemoto.com para trocar ideias e obter dicas e avaliação sobre o roteiro. O Rômulo, administrador do site, viajante já calejado, disse que o roteiro é excelente e deu dicas e sugestões, como por exemplo, dos locais onde é recomendável reservar hotel e etc.
O ponto alto e desafiador desse roteiro é a passagem pelo Paso San Francisco ("Paso" é como chamam as estradas que cortam a Cordilheira dos Andes). São 480 km, sendo 244 de rípio, que é como chamam a estrada cascalhada, ou seja, pedra ou brita misturada com terra e areia. E ainda por cima sem postos de combustível. É necessário levar combustível reserva. Alguns viajantes relataram que, no meio do Paso, na aduana argentina, vendem gasolina armazenada em barris, mas não há nenhuma garantia de abastecimento. A condução da moto pelo rípio deve ser feita com muito cuidado e alguns tipos de moto sofrem muito nesse tipo de terreno, principalmente as do estilo custom, por seu peso acentuado e curso da suspensão muito curto, o que não favorece a absorção de impactos advindos dos buracos e das pedras.

O motociclista Ricardo, do forum acima citado e do interior de São Paulo, também quer ir ao Atacama, mas prefere sair em meados de janeiro, o que não vai bater com a minha disponibilidade de datas. Já outros dois motociclistas de São Paulo, conhecidos do casal Sérgio e Kátia, velhos amigos, pretendem sair da capital no dia 27/12, chegando a Foz no final desse dia. As datas estão batendo e fico torcendo pra acertarmos os demais detalhes e eles possam se juntar a nós. O Ricardo ainda mencionou preocupação com a coincidência de datas com o Rally Dakar (o antigo Paris-Dakar), cujo roteiro segue abaixo:

Rally Dakar 2015 - Roteiro:

• 3/01 : Pódio de Largada - Buenos Aires
• 4/01 : Buenos Aires - Villa Carlos Paz
• 5/01 : Villa Carlos Paz - San Juan
• 6/01 : San Juan - Chilecito
• 7/01 : Chilecito - Copiapo
• 8/01 : Copiapo - Antofagasta
• 9/01 : Antofagasta - Iquique
• 10/01 : Repouso (carros / caminhões); Iquique - Uyuni (motos / quadriciclos)
• 11/01 : Iquique - Uyuni (carros / caminhões); Uyuni - Iquique (motos / quadriciclos)         • 12/01 : Repouso (motos / quadriciclos) ; Uyuni - Iquique (carros / caminhões)         • 13/01 : Iquique - Calama
• 14/01 : Calama - Salta
• 15/01 : Salta - Termas de Rio Hondo
• 16/01 : Termas de Rio Hondo - Rosario
• 17/01 : Rosario - Buenos Aires

A preocupação dele é com a dificuldade de reserva de hotéis e o alto preço. Ele tem razão mas, por outro lado, tem também a oportunidade de ver os carros e motos deste evento bem de perto, o que é uma atração incrível, eu suponho.

2- ACESSÓRIOS

Volto a falar mais pra frente da questão do roteiro. Sobre os acessórios, desde que comprei a Suzi (VStrom 650), venho equipando com alguns acessórios. Aqueles que já instalei foram :

  • protetor lateral da Givi.
  • protetor de mão.
  • cavalete central.
  • ampliação da base do cavalete lateral.
  • protetor de aço para o carter do motor.
  • tela de metal protetora do radiador de água. O radiador de óleo já tem uma telinha protetora, que veio de fábrica.
  • baú traseiro de 45 litros, modelo E450 da Givi.
  • suporte de metal para baús laterais, da Givi.
  • Par de baús laterais da Givi, modelo E41, de 41 litros cada.
  • piloto automático (peça que trava o acelerador, permitindo o descanso do punho direito).
  • suporte de metal para o GPS, acima do painel de instrumentos.
  • GPS da Garmin, modelo 350 LM (tem postagem específica sobre esse GPS aqui no blog).
  • Tomada 12V no guidão.
  • Par de pedaleiras avançadas (também tem postagem específica sobre esse acessório no blog).
  • Intercomunicador adquirido no Ebay.com. 
  • Bolsa de tanque pequena da Givi.
  • Almofada inflável para a bunda.
  • Luzes sinalizadoras, na traseira da moto. Excelentes para uso noturno.
Não imaginava já ter instalado tantos acessórios assim. Desses, o intercomunicador não é um acessório da moto, mas interessante para o piloto. Depois da chuvarada que ele tomou na última viagem à Serra do Rio do Rastro, preciso testá-lo pra ver se está funcionando direito.

Outro acessório que já comprei e vou instalar breve é uma grelha de metal, que vai sobre o baú traseiro da moto. Ela é muito útil, pois você pode prender um saco de dormir, uma barraca, um tripé de máquina fotográfica ou algo que seja leve, ganhando mais espaço para transporte.

Comprei também a filmadora GoPro, que você pode prender em vários tipos de suporte, inclusive no capacete, junto com uma bateria extra.

Na próxima postagem sobre os preparativos, falarei dos itens de bagagem. Faltam pouco mais de 3 meses para a viagem. A ansiedade começa a tomar conta dos pensamentos. Até breve.