domingo, 2 de setembro de 2012

E a gente se dá conta.

É não tem jeito. 05h39m da manhã. As maiores inspirações para escrever vem mesmo à noite ou de madrugada, quando perco o sono e começo a pensar ou refletir sobre algo. A reflexão vai aumentando e os olhos cada vez mais arregalados. Pronto: perdi a batalha contra a insônia. E aí, como num “brain-storm”, as idéias e pensamentos começam a pipocar. Levanto, ligo o notebook e começo a escrever estas linhas. Sempre traduzi “brain-storm” como “tempestade de idéias”, mas no dicionário on-line Michaelis, a tradução foi “distúrbio mental repentino”. Fico com a minha tradução mesmo.

Pois é. No modelo de vida padrão que aprendemos e vemos por todo lado, a gente estuda, faz faculdade, trabalha, se casa, cria filhos (não necessariamente nessa ordem) e etc. De casa pro trabalha, do trabalho pra casa. Para fazer a sua parte na perpetuação da espécie, você se envolve nessa árdua tarefa de criar filhos. Doa uma parte de si, de seu tempo, de sua energia e de seu dinheiro. Essa tarefa, se árdua por um lado, também é compensadora e cheia de alegrias por outro. (Gostaria de deixar claro que não sou contra esse modelo de vida padrão). Você se olha no espelho e vê uma ruguinha aqui e outra ali. Os primeiros cabelos brancos começam a aparecer, como também um probleminha de saúde (todo mundo tem um ponto fraco).

Nessa fase da vida e depois de um rápido retrospecto, você conclui que: o tempo passa rápido, a vida é curta e a tarefa de vivê-la tão difícil que, quando começamos a aprendê-la, já pode ser hora de partir. Mas e daí, será que a vida é só isso? Vou levar essa vida até morrer? Pausa............... Não, não pode ser. Deve ter algo mais. Preocupação, desânimo e até depressão nos envolvem nessa hora. Esse algo mais que a vida pode lhe dar, você vai ter de buscar. Vai ter de sair de sua zona de conforto. Talvez o maior problema da maioria das pessoas que chegam nesse ponto seja o fato de levar uma vida cheia de monótonas certezas. A monotonia do dia-a-dia mina nossa energia e nossa alegria. Está certo, devo então viver uma vida cheia de dinâmicas incertezas, para dizer o contrário? Acho que não, mas talvez um mix das duas. Nem oito nem oitenta. Levar uma vida mais equilibrada. Nesse assunto que estamos abordando, você vai ter que achar o seu ponto de equilíbrio, pois cada um tem o seu. É isso mesmo, a vida não é fácil. Se você parte desse pressuposto, fica mais fácil encará-la.

E a gente se dá conta, então, que é preciso tirar a bunda do sofá. É preciso criar objetivos, planejar melhor sua vida. Por exemplo, por falar em planejar, muitas vezes planejamos nosso trabalho de forma a criar metas de curto, médio e longo prazo, com avaliação dos resultados, correções de rumo e etc. Mas, muitas vezes, negligenciamos o planejamento de nossas férias, ou seja, são apenas 30 dias por ano (isso quando não vendemos 10 e gozamos apenas 20) e não nos damos ao trabalho de organizá-las, pesquisando destinos, hotéis, meios de transporte, seja rodoviário, aéreo ou até cruzeiros marítimos. Entretanto, eu já cheguei ao último dia de trabalho antes das férias e respondi a um amigo, que questionava meu destino, que iria ficar na cidade mesmo, pois não tinha programado nada. Se você não fizer um bom planejamento de uso de seu tempo livre, suas férias vão terminar e você não terá feito nada, não conseguirá se desligar do trabalho e só terá férias novamente daqui a um ano ou mais. Esse foi só um exemplo, mas o planejamento de sua vida financeira também é importantíssimo, pois dali virá os recursos para atingir seus objetivos.

Interessante que, às vezes, reclamamos que não temos tempo para fazer as coisas. Por outro lado, quando temos tempo, nós o desperdiçamos ou utilizamos mal. A medicina e os hábitos de vida mais saudáveis prolongam a idade média de vida do cidadão (talvez já por volta dos 75 anos), mas não sabemos bem o que fazer com esse tempo adicional de vida que estamos ganhando.

Uma vez recebi um e-mail que, entre outras dicas e conselhos, dizia: ”pelos menos uma vez ao ano, vá a um lugar que você nunca foi”.
E a gente se dá conta de que é preciso viajar. E viajar por caminhos que você ainda não trilhou, para conhecer novos povos, culturas, sabores e crenças. E não importa como você viaja. Li alguns dos livros publicados pela família Schurmann, que deu voltas ao mundo de veleiro. Muitas outras famílias anônimas também já experimentaram essa viagem. De veleiro, de carro, de bicicleta, caminhando com uma mochila ou de moto. Realmente não importa desde que você se sinta de alma renovada, que experimente aquela euforia interna a que já me referi em outro artigo, que conheça pessoas, que aprenda e compartilhe com elas suas idéias, pensamentos e experiências.

E que você sinta, a cada nova experiência vivida, que a partir daquele momento, você jamais será a mesma pessoa.

Lembrei-me agora da música do Raul Seixas chamada “metamorfose ambulante”. Talvez o segredo esteja aí. Para estar em constante metamorfose, você precisa interagir, compartilhar, relacionar-se com o planeta.

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