terça-feira, 14 de agosto de 2012

Greve no serviço público

Já fui trabalhador da iniciativa privada por mais de 20 anos. Hoje sou servidor público federal. Portanto, já frequentei os dois lados. Tenho visto na mídia críticas contundentes às greves no serviço público e entendo perfeitamente a posição do cidadão-contribuinte, que paga uma das mais altas cargas tributários do mundo, para, em troca, receber serviços públicos ruins, para dizer o mínimo.

Em contraponto, hoje como servidor público, sinto-me impelido a escrever sobre a situação atual da maioria dos servidores. Algumas categorias estão a mais de 6 anos sem qualquer tipo de reajuste salarial. A mídia, de forma geral, usa o termo aumento salarial, mas é preciso distinguir o aumento real da recomposição salarial em função de perdas inflacionárias. Há muito que os servidores lutam apenas pela recomposição das perdas. Numa conta simples e rápida, se o servidor está a 6 anos sem recomposição, com, em média, 5% ao ano de inflação, são 30% de perda nesse período. Se o servidor ganhava "100" a seis anos atrás, hoje seu poder de compra é de apenas "70".
A recomposição salarial por perdas inflacionárias é garantida pela atual Constituição Federal. Entendo que, como bacharel em ciências econômicas, a recomposição imediata aos trabalhadores dos efeitos inflacionários cria a famosa e indesejável indexação na economia, com as consequências desastrosas que já experimentamos no passado. Mas, por outro lado, deixar o trabalhador anos a fio suportando as perdas sem qualquer tipo de recomposição, é extremamente injusto.
Assim, o governo descumpre literalmente a Constituição. Se não concorda com ela, deve propor uma PEC (Proposta de Emenda Constitucional) à sociedade de forma honesta e clara. O Congresso, como representante da sociedade civil, irá apreciá-la e decidir sua aprovação.

2 comentários:

  1. Muito bom o texto. Vou até indicar pra amigos.

    Tá vendo, pai? Logo logo você vira comunista. ahhahahahhhahahah

    um beijo,
    Pedro

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  2. Valeu filhão. Estudei na PUC-SP, mas estou longe do comunismo. Beijão.

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